quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vazio da Bienal

Segundo galpão, deve ser um imenso salão
Tapetes, cores, plantas????????????????
nobre ato de deixar salão belo à espera
que vazio tão orbital é esse dessa parede?

Há tantos artistas das plásticas, dos folhetins
Há tanta gente querendo mentir o caos-fértil
Platão dizia: “o erro é um desvio para acerto”
Cismo: o vazio é um protesto do desvio do desvio?

Em minhas prateleiras escondidas na penumbra
Eu colho rosas nesse vazio, eu amo esse vazio
Mesmo que não possa compreendê-lo, retê-lo
Mas, eu lamento esse vazio. Quantos não estão?

Disseram-me que o segredo é o poder da síntese:
E ela é e somente as flores de Shakespeare-ar
Ele abana a mão à curadora linda, não, abana,
Porque talvez como Virgínia Woolf quer a irmã.

A irmã não veio. Está certamente à beira lago
À noite contando estrelas, saltitante em nuvens
Ela deve estar curando a perna de um pássaro
Ou arrumando seus caprichos...lixo, lixo, lixo

O salão posa em mim em alegrias flores-jardins
Qualquer hora ele se explode na sala comum entre outros
Mas, que a arte aguarde a poeta que ela desafia....
E Virginia Woolf morreu sem saber da polêmica vênia.

São flores perfumadas, cor verde, tantas coisas lindas e ainda em inércia.
Hei! e os que vão só para apreciar? ficam no para lá e cá medindo vazios?
Ou esse vazio é que chamo de pós-pós: colagem, emendo de fragmento-pós
Imaginem, palavras cirando e cirando em Telegrama Zeca Baleiro.

Vamos brincar de literatura de um modo que ela brinque conosco
Dando-nos a graça de nos libertar pelos cheiros de um que perfume
Mais que outros que ainda não aromatizam as frases cheias de mais frases
Vamos decretar a palavra mais forte de um gesto: Revol.

O galpão vazio é uma bela imagem de um sorriso enigmático em mim.

Neusa Azevedo

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