sábado, 11 de dezembro de 2010

O Meu Amor é Livre

Seus olhos estão jogados ao vento.
Eles voam longe, veem estrelas.
Eu retenho seu corpo em minhas mãos.
Seu corpo de histórias mometâneas..
Se nos amássemos estaríamos fortes.
Mas, você é leve, nada lhe pesa o peito.
Eu tenho um rumor em meu coração.
Sou eu que lhe amo tanto.
Sou eu que penso em seus lábios vermelhos.
E você voa porque não tem medo de limite.
Sou eu que amo e finco os pés em seus passos.
Sou eu que adoro e me devoro.
Porque o que queria mesmo era devorar você.
Sou eu que amo a você livre demais.
Mais livre que três pássaros cantando na árvore.
Sei que não adianta amar-lhe, pois só consigo seu corpo cego.
Sua alma é leve, muito leve e sobrevoa telhados.
Não nasceu para reter um abraço até o fim.
De que me adianta ter seu corpo e sentir seus olhos cegos?
Queria mesmo era sua alma dentro dos olhos.
Adeus! Vou-me para o reino do esquecimento.

sábado, 27 de novembro de 2010

Há Dias

Por que esta tristeza sem nome?
Por que este quedar sem encosto?
Por que esta vontade sem lugar?
Por que todas as ruas incertas?


Tem dias que a gente se sente um rosto sem marcas.
Lisa é a face por mais e mais que ela arrepie em anos.
Tantos são os caminhos que também foram embora.
Nem mesmo os anos de futuro incerto corrigem-me.

Porque há dias que nascem para nos dizer adeus.
Porque nossa face não é um livro dentro do tempo.
Porque nossos rumos sempre vão virar uma esquina.
Porque de amanhã vivem meus sonhos de agora.

Corrija-me virtudes dos ascetas.
Dê-me risos e sofás dos deuses.
Coloque-me face ao meu amor.
Dê-me ruas, avenidas e nomes.

Não há nenhum dia que não tece seu bordado.

sábado, 16 de outubro de 2010

Senhoras do Além

Meus passos roçam o caminho.
A terra solta, o pé no chão.
os meus pés sangram.
A marca vermelha no céu.

Se eu fosse um menino puro.
Eu me abençoaria com a chuva.
Se eu fosse uma menina clara.
Eu me vestiria de sol amarelo.

Uma anciã contou-me um segredo:
De nada vale ser o que não se é.
Se eu soubesse o quanto sou.
Eu valeria um pássaro voador.

Adeus, poema triste e leve.
os passos vermelhos e marcados.
O menino e a menina que não se viram.
Uma senhora que somos duas.

Neusa Azevedo