Vinha andando pela rua deserta,
nem apito ou buzina ou andante distraído.
Assim vinha eu andando pela rua deserta.
Sem querer me vi do mesmo modo seguindo,
minha vida vazia e eu tão repleta de mim,
de querer de viver e de ser.
Mas, não há deserto no mundo que não me fala de ti.
Poderia eu vir com toda a memória do que não há.
Poderia eu ser o bálsamo de todo porvir.
Poderia todo o mundo decretar um fim sobre todas as coisas.
Poderia o sino tocar as doze badaladas da meia-noite,
de forma louca, agonizante e rouca.
Poderia uma assombração aparecer-me anunciando o fim dos tempos.
Poderia tudo, meu pequeno e grande amor, tudo ser deflagrado.
Só não poderia no ceara que me rodeia,
tu não rodear-me, horas a fio e cheias,
com a lembrança mais bela do quanto quero amar-te ainda.
Neusa Azevedo
quarta-feira, 3 de junho de 2009
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Muito belo Neusa.
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