Os barcos partiram do porto, não voltaram.
Meus olhos silenciosos pararam no horizonte.
Horas e horas os ponteiros nada marcaram.
O barco se foi e nenhum outro chegou, nunca mais.
Há mesmo ilhas que só fazem deixar partir.
Onde se acha o barco que reuniu minha gente?
Os anciões queridos, os amigos amados, a família de laços?
Onde se perderam todos naquela viagem?
Deve haver um céu que o grande livro nos prometeu.
Tomara àquele barco tenha encontrado o paraíso.
Eu estou aqui, ainda no porto, à espera.
Não deveria partir quem é mais que ilha.
Estou nas águas jogando papéis e vendo bolhinhas.
As águas devem se mexer nesse grande mar.
Pois, que meus olhos são as ondas que não posso enxergar.
Por que haveremos de perder todos para o mistério?
Ah, meu barco, se não volta quero o seu caminho encontrar.
Todos estão no nunca mais e eu cá sem horas passar.
Neusa Azevedo
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