terça-feira, 2 de junho de 2009

O Mistério das Águas


Os barcos partiram do porto, não voltaram.

Meus olhos silenciosos pararam no horizonte.

Horas e horas os ponteiros nada marcaram.

O barco se foi e nenhum outro chegou, nunca mais.

Há mesmo ilhas que só fazem deixar partir.

Onde se acha o barco que reuniu minha gente?

Os anciões queridos, os amigos amados, a família de laços?

Onde se perderam todos naquela viagem?

Deve haver um céu que o grande livro nos prometeu.

Tomara àquele barco tenha encontrado o paraíso.

Eu estou aqui, ainda no porto, à espera.

Não deveria partir quem é mais que ilha.

Estou nas águas jogando papéis e vendo bolhinhas.

As águas devem se mexer nesse grande mar.

Pois, que meus olhos são as ondas que não posso enxergar.

Por que haveremos de perder todos para o mistério?

Ah, meu barco, se não volta quero o seu caminho encontrar.

Todos estão no nunca mais e eu cá sem horas passar.

Neusa Azevedo

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