quarta-feira, 3 de junho de 2009

Lux queimor!

Estes dias ganhei um sabonete líquido.
Imaginem! Nossos tempos! Os sabões se derreteram.
Caem em nossos corpos já dissolvidos.
Hum ...que perfume amante!
Vem descendo e fazendo-me carícias,
alongando-se em aromas e frescuras.
Se quero brincar, solto a bolha pelo ar, daquele mundo box;
daquele momento moderno de modernidade contemporânea pós-pós.

Banhei-me com pedra-pomes, sabão de coco, lux, muito lux...
para chegar-me nessa hora de sabões derretidos.
Assim é meu corpo, assim são minhas sensações...
pedras, brancura e luz de luz de muita luz.

Mas, quando chegam meus pensamentos, não tenho pensador líquido.
Não, não leio ninguém que se liqüifaz em minha mente como os sabões.
Todos só me vêm acender lamparinas, velas, lampiões, lanternas....
E aí vai! Sem falar nos corredores que eles iluminam.
Quanta brasa! Quanto fogo! Quantos incensos!

Não, fogueira não. Não incendeiam matas e nem mais livros!
É bom demais! Demais!
Mas, não são líquidos! São sólidos, muito sólidos!
Pandoras de horas e horas a fio como rios e brios!
Estou que me queimo! Estou que vivo!
Queria, ao menos, um pensar derretido,
que jorrasse muita água em meus pensamentos.
Queria a serenidade e o afago calmo dos abajures.

Neusa Azevedo

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